quarta-feira, setembro 9

Dos Praquês

Eu e meus originais


Tudo começa com um papel em branco. Conforme escrevemos, o papel vai ficando rabiscado, dando lugar a palavras, idéias, conceitos, fórmulas, receitas, teoremas, romances, poemas ou apenas bobagens aleatoriamente escritas num papel agora rabiscado. Dependendo do conteúdo, basta apenas amassar e jogar fora. Mas há sempre um "mas". E se isto valer alguma coisa qualquer ano ou século destes? Vale a pena realmente amassar?

Outro dia abri a velha caixa com os meus originais. Todas as folhas estão datadas, facilitando observar a minha evolução com as palavras desde 1992. Muitas coisas ali, com umas pequenas lapidadas, podem ser reaproveitadas maravilhosamente. Outras coisas já estão tão prontas que me impressionam na releitura. Outras estão prontas para serem devidamente amassadas, mas eu as guardo. Sempre. Isso serve de exemplo para minhas leituras futuras. Ainda mesmo que inúteis à primeira vista.

À segunda vista, existem outras observações... No meio daquele emaranhado de palavras feias existe uma idéia de algo que, bem trabalhado, ainda pode dar certo. Ainda. Por isso não jogo no lixo meus originais. Eles ainda não valem nada, até pesarem como ouro.


Para que escrevemos? Escrevemos porque queremos nos expressar como somos, como gostaríamos de ser, como imaginamos as coisas na realidade e na ficção, ou como nos sentimos. Escrever para mim sempre foi um desabafo sem gritos. Um urro contido numa onomatopéia. Um alívio aos ouvidos de um interlocutor. Uma arma que traz paz ou guerra. Um brincar-de-Deus com papel e caneta.

Escrever é assim. E é assim que eu quero continuar vivendo: escrevendo por linhas certas todas as minhas idéias tortas.


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Ilustração-presente: Tiburcio

4 Quimeras:

@ setembro 09, 2009 2:34 PM, Blogger Vitor disse...

Vou fingir que você não escreveu isso pra justificar que não sabe desenhar...

 
@ setembro 09, 2009 4:15 PM, Anonymous Tiburcio disse...

Eu particularmente guardo tudo que é original, até as idéias não aproveitadas ainda batidas a máquina eu tenho guardadas.
É que da mesma forma que uma excelente idéia aos 20 pode ser uma bobagem aos 40, o inverso pode acontecer e voce ter em casa um tesouro enterrado.
Esta fica sendo a minha contribuição filosófica a este blog.

 
@ setembro 09, 2009 5:19 PM, Anonymous Michelle disse...

Seu texto é bem reflexivo! Mas principalmente me faz ver o quanto tenho em comum com pessoas que nem conheço.=D Vi os comentários e links do seu blog, daí fiquei pensando... você desenha? Eu também tento desenhar!

 
@ setembro 10, 2009 9:59 AM, Blogger Rayanne disse...

Diria Leminski, amigo Lasak:

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

(Paulo Leminski-Razão de ser)

Não é? A gente escreve, porque precisa respirar. Não pode a poesia viver longe do A-mar!

**Estrelas**

 

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