quarta-feira, outubro 12

Especial de Dia das Crianças

Este é um projeto de livro infantil que eu escrevi há uns anos, e resolvi dividir com vocês. Quem sabe, um editor caridoso não resolve me chamar para publicá-lo? Resta apenas um ilustrador e um projeto gráfico interessante...

Divirtam-se!

ESTÓRIAS DA ROÇA – PARTE UM

A prantinha qui eu prantei
Dibaixo da janela da Cotinha
Cresceu tanto que eu arresorví
Reprantá na minha janela.

A prantinha qui eu reprantei
Dibaixo da minha janela
Num cresceu.

Prantei intão oitra prantinha
Dibaixo da minha janela
Pra vê si num era a minha janela
Qui num gostava di pranta.

A prantinha qui eu prantei
Dessa vêis cresceu.

Eu intão percebi qui a
Janela tinha é ciúmes d’eu, pruquê
A prantinha qui eu reprantei era
A prantinha qui eu tinha prantado
Dibaixo da janela da Cotinha.

MORAR:
Quem repranta prantinha da
Janela da Cotinha faiz a sua
Janela ficar cum ciúmes docê.

(André Lasak • 04/02/1994 • 01h20)

ESTÓRIAS DA ROÇA – PARTE DOIS

#1
Subi num pé-di-vento
Pra vê meu amor passá.
Ela passô, mais u vento
Mi levô pronde ele faiz a curva,
Prá mó d’eu demorá mais tempo
Pra eu vê a Cotinha.

Arresorvi cumeçá a andá sinão eu ía
Demorá di muito pra vê ela, intão incontrei
Uma tartaruga cum asa qui mi disse qui
Tinha vistu um pangaré bebênu garapa
Um dia prá frente. Si eu pegasse
Carona cum ela eu ía é chegá mais rápidu.

Num querditei muitu na criatura, pruquê
Além di tartaruga sê lerda, cum asa ía
Sê pior ainda; mais eu fui.

Cheguemo no rio di garapa qui a
Tartaruga tinha mi faladu, i num
É qui o pangaré tava lá?

Amarrei ele e sentei na sombra
Dum dinussauro qui tava pur lá i
Puxei uma paia.
O resto da istória?
Eu conto adispois di acordá.

(André Lasak • 06/02/1995 • 02h11)

#2
Acordei cum a lua a pino, i u tar
Pangaré mi disse qui era velóis, i
Só impacava si eu falasse a palavra
Crapirandurujuraba
Eu repití ispantado a palavra i ele
Ficô impacado pur dois día.

Cumecemo a andá i ele era
Volóis pur dimais, sô!
U pangaré avistô os arredor da cidade
Pur cima da serra, mais eu num ví é nada.
Ele falô preu limpá os ócro.
Eu limpei i num é qui eu ví tudim?

Incuntrei o Zé-sem-dente, i ele
Mi disse qui a Cotinha tava era
Muito fula da vida. Ela tinha ído
Pra chacrinha du pai déla, qui era
Um parzão di légua lá ditráis du morro.

Ieu tinha qui ir lá, mais eu
Tava é muito cansado. Intão
Reguei as pranta da minha janela
I puxei oitra paia, uai.

(André Lasak • 06/02/1995 • 02h28)

#3
Peguei imprestado u alazão du Zé-da-moita,
I tomei u rumo da chacra du pai da
Cotinha. Nu meio du caminhu incuntrei
Cum u pé-di-vento, i mandei ele vê si eu
Num tava era na vendinha du Zé-sem-bota,
I ficá pur lá uns trinta ano pra mó
Di num amolá mais eu.

Apeei na póita da casa i a Cotinha
Mi recebeu cuns dois tiros di sar.

Ispriquei u qui tinha acuntecido, i ela
Mi disse qui eu mintía pió qui pescadô.

Pra incurtá a istória, dei dois tapa
Na cara da disgranhenta i levei ela nu
Lombo du alazão lá pra cidade.

Adispois dum mêis a istória já tinha
É abafadu, i a Cotinha vêiu mi dizê
Qui as prantinha qui eu tinha prantado na
Janela dela tava dimais di bunita, i ela
Quiria mais umas muda. Também mi
Cunvidô pra quermesse du dumingo.

MORAR:
Presta bastante atenção nus
Pé qui ocê vai subí pra vê seu
Amor passá, sinão a Cotinha
Ti enche di tiro de sar.

(André Lasak • 06/02/1995 • 02h47)

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3 Quimeras:

@ outubro 12, 2005 8:20 PM, Anonymous Anônimo disse...

Continue escrevendo.

Parabéns!

 
@ outubro 13, 2005 9:52 AM, Anonymous Anônimo disse...

Quando esse bendito livro for lançado (e não é da janela) vou compra-lo ... e não será pros futuros filhos, será pra essa que te escreve mesmo !!!!!!!!!!!!!!

HAHAHAHHAA OOOOOOOOTIMAS HISTORIAS

 
@ outubro 13, 2005 12:12 PM, Anonymous Anônimo disse...

Adorei!!! Ô cabecinha fértil!!! Bjs

 

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