Descontinuidade - Capítulo 8
01; 02; 03; 04; 05; 06; 07
- São Cipriano duvidou destas carcaças que vejo! Portanto, duvidar-me-ei também!
- Está louco, padre? - grita Diego, assustado - Evocando um herege frente ao altar?
- Cale-se! Tens muito ainda que aprender sobre o lado obscuro das bibliotecas! Se sobrevivermos a tudo isto, prometo que te darei a chave da porta que você tanto teme.
- A que encontrei atrás da prateleira da adega?
- A própria! Mas agora, concentre-se: temos demônios para destruir!
Após o berro de Nicanor, os demônios ficaram imóveis por alguns segundos, e começaram a se transformar. São Cipriano estava certo. Nicanor estava certo. Nunca imaginou que um livro proibido da adolescência seria tão útil no futuro.
- Hahahahaha! Apenas homens que vejo! Voltem de onde vieram, réprobos, ou morrerão ao pé do altar!
- Padre! Eles não parecem dispostos a desistir...
- Que lutem, então! Minha catedral é consagrada pelo Senhor Nosso Deus, e nenhum mal terá poder aqui! Venham! Venham morrer com a palavra da Salvação!
Nicanor joga para Diego a ampola de cristal com água benta, a bíblia e o cajado, afirmando que ele saberá exatamente qual arma derrubará cada inimigo. Os sete não-nascidos começam a andar em sua direção.
- Venham logo, malditos! Eu estou bento e Abençoado por Deus!
Ao dizer isso, os sete gritaram, como se tivessem recebido um choque. As palavras têm poder. Principalmente quando bem escolhidas.
428 d.C.
Khon acorda nu, pregado à parede com seus espetos de metal. Sente dores lancinantes nas pernas e nos braços. Sente uma leve tontura e fraqueza. Sente um forte enjôo ao ver que Thula está ao chão roendo ossos. Sente-se em aflito desespero, ao constatar que não dispõe de mais nenhum membro preso ao seu corpo. Respira fundo, e segura o choro. Um ferreiro deve morrer com dignidade, mesmo que de forma tão indigna.
50.000 a.C.
Após o orgasmo, o ventre de cada fêmea começa a brilhar. O desenvolvimento dos fetos é acelerado, sendo possível acompanhar através da pele translúcida. Seus corpos não agüentam tamanha elasticidade, e se rompem, seguidos de alucinantes gritos. Cada bebê cresce de maneira absurda até estar pronto para fertilizar. Outra sessão de cópulas é observada, entre os filhos dos primeiros selvagens. Por sete vezes se repete esta seqüência, até finalmente sobrar apenas uma fêmea.
- A matemática do sexo da evolução está quase completa, Yzoo! Cento e vinte e oito selvagens formaram sessenta e quatro casais, cada filho formou trinta e dois casais, e assim por diante! Aceleramos a evolução desta espécie por sete gerações em poucos minutos! E a última fêmea receberá o meu sêmem. O sêmem que desenvolverá em seu ventre quadrigêmeos bivitelinos, homens e mulheres que povoarão esta terra à nossa imagem e semelhança! Traga-me a fêmea, Yzoo! Agora!
1.232 d.C.
Ann-Marie corre, não olhando para trás. Escuta o druída evocar suas deusas celtas, blasfemar e, segundos depois, não ouve mais nada. Sobe na copa da árvore mais alta da floresta, e tenta se esconder até descobrir algo.
- Eu preciso entender! - balbucia - Preciso encontrar a chave! Páginas em branco protegendo apenas uma com escritos. Suedropoda Osneba. Nada que eu conheça. Nada que tenha visto em toda a minha vida. Parece coisa do diabo... Diabo? Inferno? Baphomet? As asas de Lúcifer queimando do Céu à Terra? Anjo negro, o oposto do anjo bom? Anjos do Céu... Igreja? Medo... Inquisição? Fogueira? Heresia? Herege? Heresiarca? Pagão? Isso! Escritos pagãos, provavelmente! É isso! A língua pagã é lida da esquerda para a direita! Como será que fica? A-b-e-n-s-o A-d-o-p-o-r-d-e-u-s. Abenso? Abençoado! Abençoado por Deus!
Um grito é ouvido de três pontos diferentes da floresta. Os não-nascidos estão atrás dela. Mas algo já os enfraquece. A arma está sendo compreendida, finalmente.
3.327 a.C.
Cercado por Anúbis, Osíris e Ammut, Anamodron congela. Não esperava encontrar com a morte tão cedo. O que aquele livro poderia ter de tão ruim?
3 d.C.
- Que coisa é você? - Cêntulo tenta ganhar tempo.
- Zooooooouuuuuuuuu ooooooo zeeeeeeeeeeuuuuuuuuu piiiiiiioooooooooor peeeeeeeezaaaaaaadheeeeeeeloooooooooo.
2006 d.C.
O homem pálido acha estranho o que está acontecendo com Tobias. Ele está como num transe, e seus olhos não param de se mexer. Prefere matá-lo acordado, pois assim de nada valeria como diversão. Sacode-o e lhe dá um tapa. Ao acordar, olha para o rosto sem sobrancelhas, e diz:
CONTINUAÇÃO 01
- Descobri como te matar, filho da puta! Estou Abençoado por Deus!
CONTINUAÇÃO 02
- Já descobri porque estou amarrado. Agora você pode me soltar?
Escolha entre a continuação 01 e 02, e aguarde: na próxima quinta-feira, mais surpresas em Descontinuidade - Capítulo 9!
GLOSSÁRIO:
• Vicarius Filii Dei - Vigário do Filho de Deus, em latim. Como os padres se denominam. CURIOSIDADE: Se você somar todas as letras da palavra latina que são relacionadas a números romanos, a somatória dá 666. (Esta informação faltou no glossário do capítulo 7);
• Anúbis - Ou Anpu. O deus-chacal egípcio, patrono dos embalsamadores, curadores e cirurgiões. Tanto em cerimônias de cura quanto em mumificações, Anúbis era a deidade que preparava o morto e curava o vivo. Anúbis é considerado o grande deus-necropolitano.
• Osíris - Ou Asar. Deus egípcio do mundo subterrâneo, identificado como deus dos mortos. Também um deus da inundação e da vegetação, é representado como um rei mumificado. Principal centro de culto é Abydos. Osíris é visto como o grande juíz dos mortos;
• Ammut - Deusa-demônio egípcia, que permanecia ao lado da balança que era colocada na entrada do mundo dos mortos. Caso o coração colocado na balança fosse mais pesado que a pena de Maat, a alma não tinha condições de sobreviver ali, e Ammut o devorava, como numa segunda morte. Era representada com a cabeça de crocodilo, dorso e membros dianteiros de leão e membros traseiros de hipopótamo.
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4 Quimeras:
Ele tem que falar que já sabe porque está amarrado... vai dar mais graça, hehehehe
Opção 02, Tãn, tãn, tããããñn!
Também vou na 2
*** LIGAÇÕES ENCERRADAS! ***
CONTINUAÇÃO 01: 0 VOTOS
CONTINUAÇÃO 02: 3 VOTOS
OBRIGADO AOS PARTICIPANTES!
PRÓXIMA QUINTA, NÃO PERCA
DESCONTINUIDADE - CAPÍTULO 9
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